Capa Entrevista Caroline

Ainda em Jundiaí (SP), poucos dias antes de embarcar para estudar e jogar nos Estados Unidos, a atleta Caroline Teixeira, cestinha do Campeonato Brasileiro de Base Sub-17 Feminino, em 2014, nos contou sobre sua trajetória no basquete, seu dia a dia em São Paulo e deixa uma mensagem para as atletas do DF.

Como e quando você se interessou pelo basquete e começou a jogar?

Eu comecei a jogar basquete por influência da minha irmã, Karine, que desde pequena integrava a Seleção do DF. Mas o basquete está no sangue da minha família, por parte de pai. Meu avô, meu pai e meus tios jogaram basquete. Minha tia Silvana integrou a Seleção Brasileira Adulta e minha prima, Maria Cláudia, também participou das Seleções Brasileiras de base.

Tem algum(a) atleta como referência?

Eu não vi jogar, mas sempre ouvi falar da Hortência e da Paula. Hoje, minhas referências são Lebron James e Kobe Bryant, no masculino, e Seimone Augustus, no feminino.

Quais técnicos foram importantes na sua formação?

Não posso deixar de citar nenhum técnico, pois acredito que todos tiveram papel importante na minha formação. Quando era pequena tive o primeiro contato com a bola com o Carlos Adail, do CECAN, e com a Marisa, do Clube do Exército. Eles me ensinaram os fundamentos básicos, junto com seus assistentes Fabiana (Biba) e Alexandre. Depois fui para o Marista e tive como técnico o Gustavo Chagas. Na Seleção do DF tive a oportunidade de jogar com o Joaquins Feitosa e, nesse ano, com o Filipe Sartório. Em São Paulo, meus técnicos foram, em 2012, a Lucia Gumerato, no Sub-15, e a Marisa, no Sub-17; em 2013, Tarallo e Jair no Sub-17 e Sub19; e, em 2014, a equipe formada por Tarallo, Jair e o preparador físico Paulo Martignago esteve à frente das categorias Sub-17, Sub-19 e Adulto das quais participei.

Como é o dia a dia em São Paulo?

O dia a dia é muito puxado. Temos aula em um colégio particular bem conceituado aqui, o Divino Salvador. As aulas são de 7h30 às 13h00 e às 15h00 vamos para a academia. Às 17h00 começam os treinos, que vão até 19h30. A rotina é muito cansativa.

Quais as principais diferenças entre o basquete feminino aí e o do DF?

O diferencial aqui, em São Paulo, é justamente o número de campeonatos, jogos e a intensidade de treinamentos. O Campeonato Paulista se faz em turno e returno, sendo que nesse ano foram dez times Sub-17, sete times Sub-19 e seis times no Adulto. Participamos também dos Jogos Regionais e dos Jogos Abertos, ambos nas categorias Sub-19 e Adulto. Então tivemos jogos durante a semana e praticamente todos os fins de semana.

Tem alguma coisa que você goste muito de fazer, além do basquete?

Eu gosto de ir à igreja, shopping, cinema e gosto de ler. A nossa vida aqui é mais regrada, por conta do horário de chegada na República de Atletas. Nós temos muitos jogos, então a vida social fica prejudicada.

Sabemos que você e sua família sempre se esforçam para você representar o DF nos Brasileiros. O que isso significa pra você?

Meus pais sempre falam que é muito importante defender o DF e ajudar a projetar o basquete de Brasília. Sabemos que várias estrelas surgiram aí e somente ficando no grupo de elite é que o resto do país terá olhos para o DF. Assim como fui prestigiada por olheiros de SP, gostaria que muitas meninas daí tivessem a mesma oportunidade.

Tem como meta se tornar jogadora profissional?

Ainda não pensei sobre o assunto. Eu sempre tento conciliar o basquete com os estudos, para o caso de querer seguir outra carreira. Recebi um convite para jogar nos Estados Unidos e participar do Campeonato Estadual da Carolina do Norte, então vou poder decidir sobre o meu futuro após esse período de intercâmbio acadêmico-esportivo.

Como foi para você encerrar sua participação em seleções de base sendo a cestinha do Sub-17 Feminino?

Ter sido cestinha do Campeonato Brasileiro Sub-17, em Goiânia, foi muito emocionante, mas o objetivo maior sempre é o pódio. Jogamos de igual para igual com equipes de tradição, como Paraná e Rio de Janeiro, então mostramos que temos nível para ficarmos entre os melhores do país. Claro que ter sido cestinha, concorrendo com as melhores atletas da categoria, foi muito importante, pois recebi elogios. O técnico dos EUA, que já havia me convidado para integrar a equipe, também me parabenizou e insistiu na minha ida, oferecendo uma bolsa de estudos bem atrativa.

Que mensagem você deixa para as meninas que jogam ou querem jogar basquete no DF?

Para as meninas que desejam jogar basquete no DF insisto para que tentem participar do máximo de campeonatos que puderem. Na minha época participei de torneios no Chile e na Argentina, pelo Colégio Marista, além de um Camp em Orlando, nos EUA. Eu treinava durante a semana no colégio e nos fins de semana ia para os treinos no Clube do Exército. Participei de torneios e campeonatos no Clube Vizinhança (inclusive mistos), pelo Marista, além de Jogos Escolares. Então, se é para ficar no DF, é bom que procurem treinar e jogar em todos os lugares. As meninas de SP e do resto do país não ficam paradas e isso é um diferencial. E agora Brasília tem um time adulto na LBF, o Brasília/Basquete Vizi, que pode proporcionar o convívio e treino com atletas de alto nível. Com certeza o basquete feminino do DF só tende a melhorar.

Veja: fotos da atleta em nossa Galeria.