Caroline tem 22 anos, é modelo e está terminando o curso de Direito. No último dia 10, foi coroada Miss Brasília 2020 e vai representar o DF no Miss Brasil Mundo, previsto para novembro. Por força das limitações do distanciamento social, o concurso foi finalizado virtualmente.
Não faz muito tempo ainda disputava os torneios de Basquete 3×3 organizados pela FBDF, mas foi na base onde teve uma trajetória destacada, nas seleções do DF, em São Paulo e nos Estados Unidos. Continua esportista, competitiva, disciplinada e já frequenta pódios em corridas de rua.
Agora todas as atividades serão conciliadas com o novo desafio de reinar como Miss Brasília. Em casa, respeitando as orientações dos órgãos de saúde, Caroline respondeu à entrevista da Federação.
Você fechou sua participação no basquete de base do DF como cestinha (108 pontos) do Campeonato Brasileiro de Base Sub-17, da 1ª Divisão, de 2015, em Goiânia. Naquela época, já jogava em São Paulo e recebeu convite para jogar nos Estados Unidos. Como foi essa experiência e quais as principais diferenças entre o basquete feminino americano e o brasileiro?
O basquete me proporcionou experiências gratificantes. Foi um aprendizado que levarei por toda a minha vida. A primeira oportunidade de representar o Distrito Federal em um campeonato brasileiro foi aos 13 anos de idade. Aos 14, recebi o convite para jogar em São Paulo e, durante o período em que lá estive, sempre fiz questão de representar o DF em todos os Brasileiros. Uma das minhas grandes conquistas no esporte foi a de ser a cestinha do Campeonato Brasileiro de Base Sub-17, da 1ª Divisão, em 2015. Logo após esse campeonato, fui convidada para jogar em Raleigh, NC, nos EUA. O basquete feminino nos EUA é muito difundido, principalmente na Carolina do Norte, onde joguei. Lá tínhamos torneios todos os finais de semana, além dos campeonatos Estaduais. Em relação aos treinamentos e fundamentos, o basquete feminino brasileiro não deixa a desejar, pois temos uma excelente preparação física e uma forma peculiar de jogar, com muita raça e determinação.
Em que momento resolveu dar um tempo com o basquete e buscar outras metas e por quê?
Em junho de 2015, após o término do segundo período da High School, resolvi voltar ao Brasil para ingressar no curso de Direito. Era um momento de fazer a escolha do meu futuro profissional e decidi, naquela ocasião, não seguir a carreira de jogadora de basquete profissional.
O Brasileiro de Base de 2015 foi o último realizado pela CBB e, depois dele, o que se observou foi uma queda na participação feminina no basquete no DF e na maioria dos estados. Além do retorno dessa competição, o que mais pode ser feito para estimular a presença das meninas no basquete?
O basquete escolar e o campeonato da FBDF eram grandes estímulos para a prática do esporte, na minha época. Tínhamos vários times e muitas competições. Os Jogos Escolares Brasileiros e os jogos da Federação foram eventos inesquecíveis. Acho que o retorno dessas competições incentivaria a prática do esporte, principalmente para as meninas mais novas.
Olhando o seu Instagram, já deu pra ver que você continuou praticando esporte e pra variar com destaque, agora em corridas de rua. Como foi isso?
Quem já foi ou continua sendo atleta sabe o que é o sentimento de competição. A adrenalina, o prazer, o resultado, tudo isso nos move. Sempre fui muito focada no esporte e nos meus objetivos e, quando comecei a competir em corridas de rua, sempre buscava superar o meu tempo, até que consegui chegar ao pódio.
Quais são suas atividades atualmente?
No campo de formação educacional e profissional, estou no último período do curso de Direito e cheguei a fazer estágios nos Juizados Especiais Federais, na Defensoria Pública do Distrito Federal e no Tribunal Regional Federal da 1a. Região. Além disso, faço alguns trabalhos como modelo da Mega Models. Neste momento de pandemia, a atividade física na academia teve que ser suspensa, mas continuo fazendo exercícios diariamente em casa. Quanto às corridas de rua, terei que aguardar o melhor momento para retomar os treinos.
Como surgiu a ideia de concorrer ao Miss Brasília?
Comecei a me interessar e acompanhar os concursos de Miss, pois descobri que envolve diversas áreas, não só o mundo da moda, mas também estimulam o apoio e a participação de todos os envolvidos nas causas sociais, que foi o que mais me encantou. Então, quando recebi o convite para representar o bairro Asa Sul, no concurso de Miss Brasília 2020, não tive dúvidas e aceitei o desafio.
O que o concurso provocou de mudança no seu dia a dia?
É muito interessante o quanto é diferente o mundo de Miss para nós, que sempre estivemos no campo do esporte. É uma experiência que te eleva em vários níveis, inclusive no espiritual. São eventos, projetos sociais e várias atividades que envolvem não só a beleza física, mas o dia a dia, o que comemos, vestimos, assistimos, enfim, são atividades intensas. O fato de eu ter sido atleta facilita muito, pois a parte nutricional e de manter a forma com exercícios é algo inerente à minha vida e não um sacrifício como é para outras misses.
O Miss Brasil está previsto para novembro, em Brasília… como será sua preparação, considerando-se a fase de distanciamento social que vivemos?
Estou muito feliz com a equipe de Brasília. A coordenação está pensando em cada detalhe para minha preparação. Nesse momento de isolamento, todas as informações estão sendo repassadas por meio de reuniões online e redes sociais. Após esse período, esperamos intensificar as ações e os ensinamentos, pois passaremos a nos encontrar com mais frequência.
Já tem um bom tempo que não basta a beleza física para conquistar um Miss Brasil, por exemplo. Exige-se que as candidatas tenham uma boa cultura geral, responsabilidade, preocupação social, empenho. É também muito comum abraçar alguma causa ou bandeira. Como você se coloca nesse contexto?
Realmente o concurso de beleza passou por diversas transformações, no decorrer dos anos. Hoje se valoriza todo um conjunto, como formação intelectual, cultural, personalidade, solidariedade, fraternidade, ou seja, aspectos da beleza interior. Acredito que, além da formação acadêmica, a minha história como jogadora de basquete, saindo ainda adolescente de Brasília para jogar em São Paulo e depois a experiência de jogar nos EUA, em muito contribuiu para engrandecer o meu currículo e, com certeza, foi um diferencial importante na conquista do título. Como jogadora de basquete, aprendi muito sobre respeito, diversidade de povos e culturas, hierarquia e disciplina. Tenho identificação com projetos sociais e já atuo como voluntária no “Formiguinhas do Bem do Brasil”, um instituto que ajuda crianças e jovens em vulnerabilidade. Como Miss, pretendo me envolver ainda mais nas causas sociais, em prol da minha cidade.
Como tem feito para manter a forma na quarentena?
Assim como quase todas as pessoas que se movimentam bastante, está realmente bem difícil manter a forma nesse período. Estou procurando seguir uma dieta balanceada e tenho praticado os exercícios de academia que os professores disponibilizam on-line.
Pode mandar um recado para a comunidade do basquete?
Sei que muitos do meio do basquete me conhecem como “Carolzinha”, pois era bem pequena quando iniciei no basquete e acompanhava minha irmã que já jogava e representava o Distrito Federal. Estou muito feliz em ter sido lembrada pela FBDF e poder ter tido esta oportunidade de falar um pouco de mim e lembrar dos bons tempos do basquete, onde fiz inúmeras amizades. Hoje eu posso dizer de coração que o esporte, especialmente o basquete, foi uma maravilhosa escola de vida. Não devo citar nomes, pois posso esquecer de alguém e cometer injustiças, mas agradeço aos dirigentes, técnicos, árbitros, mesários, jogadores, enfim, todos os profissionais e atletas de basquete que acompanharam minha trajetória. Todos foram fundamentais para a minha formação e espero vocês na torcida para o concurso de Miss Brasil Mundo, em novembro deste ano. Meu desejo é que o basquete cresça novamente e ajude na formação de muitos jovens. Peço para que a Federação continue incentivando cada vez mais o esporte. Um beijão.
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